A prática médica à distância, conhecida como Telemedicina, tem transformado o acesso à saúde em todo o mundo. Com o uso de tecnologias como videoconferências, chamadas telefônicas e aplicativos online, essa abordagem permite diagnósticos, tratamentos e acompanhamento de pacientes sem a necessidade de deslocamento. No entanto, quando se trata de Saúde Ocupacional, a Telemedicina apresenta limitações importantes para garantir a segurança e qualidade do atendimento aos trabalhadores.
O crescimento da Telemedicina no Brasil
A Telemedicina ganhou força no Brasil especialmente durante a pandemia de COVID-19, quando as medidas de isolamento social demandaram alternativas para manter os cuidados médicos. Segundo dados divulgados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), o país realizou mais de 7,5 milhões de consultas médicas a distância em um único ano, evidenciando a aceitação e necessidade da prática.
Essa modalidade tem sido amplamente utilizada para consultas de rotina, acompanhamento de doenças crônicas e até mesmo para diagnósticos iniciais em áreas com acesso limitado a profissionais de saúde. Para as empresas, a Telemedicina tem oferecido agilidade nos atendimentos, otimização de custos e maior conveniência para trabalhadores e empregadores.
A presença da Telemedicina na Saúde Ocupacional
No contexto da Saúde Ocupacional, a Telemedicina também tem encontrado espaço, mas dentro de limites bem definidos. Ela é aproveitada para triagens, orientações e monitoramento remoto de condições de saúde dos trabalhadores. Entretanto, de acordo com a Resolução CFM nº 2.297/2021 e diretrizes da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), há práticas que não podem ser realizadas exclusivamente a distância.
Exames médicos ocupacionais, por exemplo, exigem a presença física do trabalhador diante do médico. A emissão de Atestados de Saúde Ocupacional (ASO) também requer uma avaliação presencial, pois o médico precisa estar familiarizado com as condições de trabalho, os riscos envolvidos e os ambientes nos quais o colaborador atua. Além disso, não é permitido ao médico assinar ASOs em branco ou omitir informações no prontuário médico.
As expectativas para o futuro
A tendência é que a Telemedicina continue a evoluir e ganhar espaço, inclusive na Saúde Ocupacional. No entanto, as regulamentações reforçam que, mesmo com os avanços tecnológicos, certas práticas devem permanecer presenciais para assegurar o cuidado integral ao trabalhador.
Por enquanto, tal prática é uma aliada importante, mas não uma substituta para a avaliação presencial em situações críticas. A busca por soluções que unam tecnologia e qualidade de atendimento continuará a pautar discussões no setor de Saúde Ocupacional nos próximos anos.