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LER/DORT: Como lesões ocupacionais comprometem a produtividade no Brasil

LER/DORT afetam milhares de trabalhadores no Brasil, causando dores e afastamentos. A prevenção, com ergonomia e pausas, é essencial para proteger a saúde e a produtividade.
Artigo 17 - Capa LER e DORT

As Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) representam um dos maiores desafios de Saúde Ocupacional no Brasil. Esses problemas, caracterizados por inflamações e dores intensas nos músculos, tendões e nervos, têm afetado milhares de trabalhadores brasileiros, especialmente aqueles que realizam atividades repetitivas e que permanecem com posturas inadequadas por muito tempo. Segundo dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), as LER/DORT são responsáveis por uma alta taxa de afastamento do trabalho, impactando diretamente as empresas e economia do país.

O que são LER/DORT? 

LER e DORT são termos que se referem a lesões causadas por atividades repetitivas, e apesar de serem confundidos, existe uma diferença técnica: enquanto LER é um termo mais antigo, DORT foi adotado para incluir uma gama mais ampla de problemas osteomusculares causados pelo trabalho. Ambos abrangem dor, fraqueza, formigamento e até perda de mobilidade, que podem ocorrer nas mãos, braços, ombros, pescoço e região lombar. Essas lesões são comuns em trabalhadores de setores como indústria, escritórios, saúde e tecnologia, nos quais atividades como digitar, montar peças, ou operar máquinas são constantes. Em um país em que o mercado de trabalho exige cada vez mais produtividade, a incidência de LER/DORT tem aumentado de forma alarmante.

Quais são as principais causas de LER e DORT no ambiente de trabalho?

As LER/DORT são multifatoriais, resultando da combinação de diversos elementos presentes no ambiente de trabalho. Entre as principais causas, destacam-se: movimentos repetitivos, que sobrecarregam músculos e tendões; posturas inadequadas, que geram tensão e compressão em estruturas musculoesqueléticas; esforço excessivo, especialmente em atividades que exigem força ou levantamento de peso; pressão psicológica e estresse, que podem aumentar a tensão muscular e a percepção da dor; e falta de pausas e recuperação, impedindo que o corpo se recupere do esforço. 

Além disso, a organização do trabalho, como ritmo acelerado, metas de produção elevadas e falta de autonomia, também contribui significativamente para o desenvolvimento dessas lesões. A interação desses fatores cria um cenário propício para o surgimento e agravamento das LER/DORT, impactando a saúde e a produtividade dos trabalhadores.

Quais são os sintomas e diagnóstico?

Sinais iniciais e progressão das lesões

Os sintomas das LER/DORT podem surgir de forma gradual e, muitas vezes, são inicialmente ignorados pelos trabalhadores. Os sinais mais comuns incluem dor, formigamento, dormência, inchaço, fadiga e fraqueza muscular nas áreas afetadas, como mãos, punhos, cotovelos, ombros, pescoço e coluna. No início, esses sintomas podem ser intermitentes, surgindo apenas durante ou após a realização de atividades repetitivas. 

No entanto, sem a devida atenção e intervenção, a dor pode se tornar crônica, persistente e incapacitante, afetando a qualidade de vida e a capacidade de trabalho do indivíduo. A progressão das lesões pode levar a inflamações mais severas, perda de força e mobilidade, e em casos avançados, até mesmo a deformidades e atrofia muscular.

Métodos de diagnóstico clínico e ocupacional

O diagnóstico das LER/DORT é essencialmente clínico, baseado na história detalhada do paciente, incluindo suas atividades laborais, e em um exame físico minucioso. O médico irá avaliar a presença de dor à palpação, limitação de movimentos, inchaço e outros sinais inflamatórios. Exames complementares, como ultrassonografia, ressonância magnética e eletroneuromiografia, podem ser solicitados para confirmar o diagnóstico, avaliar a extensão da lesão e descartar outras condições. 

No contexto ocupacional, a Análise Ergonômica do Trabalho (AET) desempenha um papel crucial, identificando os fatores de risco presentes no ambiente de trabalho que podem estar contribuindo para o desenvolvimento das lesões. Essa abordagem multidisciplinar é fundamental para um diagnóstico preciso e para a elaboração de um plano de tratamento e prevenção eficaz.

Importância do diagnóstico precoce

O diagnóstico precoce das LER/DORT é de suma importância para o sucesso do tratamento e para evitar a progressão da doença. Quanto antes a condição for identificada, maiores as chances de recuperação completa e de prevenção de danos permanentes. Além disso, o diagnóstico precoce permite a implementação de medidas preventivas no ambiente de trabalho, como ajustes ergonômicos e pausas programadas, que podem evitar que outros trabalhadores desenvolvam as mesmas lesões. 

Impacto das LER/DORT na produtividade profissional

Dados estatísticos no Brasil

As LER/DORT representam um grave problema de saúde pública e ocupacional no Brasil, com um impacto significativo na produtividade e na economia do país. Segundo dados da Previdência Social, essas lesões estão entre as principais causas de afastamento de trabalhadores, representando uma parcela considerável dos casos de doenças ocupacionais. Em 2023, mais de 10 mil trabalhadores brasileiros se afastaram do trabalho devido a doenças relacionadas a LER/DORT, gerando um impacto financeiro substancial para o sistema previdenciário e para as empresas. 

Os números revelam ainda que as mulheres são mais afetadas do que os homens, especialmente aquelas que atuam em funções administrativas e operacionais, onde o uso repetitivo de computadores e movimentos repetitivos são frequentes. O tratamento dessas lesões pode se estender por meses ou até anos, dependendo da gravidade, e muitos trabalhadores não conseguem retomar o mesmo nível de produtividade anterior à lesão, resultando em perdas de capital humano e financeiro.

Setores mais afetados

As LER/DORT não se restringem a um único setor, mas são mais prevalentes em atividades que envolvem movimentos repetitivos, posturas inadequadas e esforço físico contínuo. Entre os setores mais afetados, destacam-se a indústria, especialmente em linhas de montagem e produção; o setor de serviços, com destaque para operadores de telemarketing, digitadores e profissionais de escritório; a área da saúde, onde enfermeiros e técnicos realizam movimentos repetitivos e carregam pesos; e o comércio, com caixas e repositores de estoque.

Consequências para empresas e economia

O impacto das LER/DORT vai muito além da saúde individual do trabalhador, gerando consequências severas para as empresas e para a economia nacional. Para as empresas, as lesões resultam em aumento dos custos com afastamentos, tratamentos médicos, readaptação profissional e, em alguns casos, indenizações. Além disso, há uma queda na produtividade devido à ausência de funcionários, à necessidade de treinamento de novos colaboradores e à perda de experiência e conhecimento. 

A imagem da empresa também pode ser prejudicada, afetando a moral dos funcionários e a capacidade de atrair novos talentos. Em nível macroeconômico, o grande número de afastamentos por LER/DORT sobrecarrega o sistema de saúde e a Previdência Social, gerando gastos públicos elevados e impactando o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). 

Prevenção e boas práticas no ambiente de trabalho

Ergonomia e adaptação do posto de trabalho

A ergonomia é a ciência que estuda a relação entre o homem e seu ambiente de trabalho, buscando otimizar as condições para promover conforto, segurança e eficiência. No contexto da prevenção de LER/DORT, a adaptação do posto de trabalho é fundamental. Isso inclui o uso de cadeiras ergonômicas com bom suporte lombar, mesas com altura ajustável, monitores na altura dos olhos, teclados e mouses que permitam uma postura neutra dos punhos. 

A organização do espaço de trabalho, mantendo objetos de uso frequente ao alcance das mãos, também contribui para evitar movimentos desnecessários e posturas inadequadas. Investir em ergonomia não é apenas uma questão de saúde, mas também de produtividade, pois um ambiente de trabalho adequado reduz a fadiga e o desconforto, permitindo que o trabalhador execute suas tarefas de forma mais eficiente.

Programas de pausas e exercícios laborais

Mesmo com um posto de trabalho ergonômico, a realização de pausas regulares e exercícios laborais é crucial para prevenir LER/DORT. As pausas permitem que os músculos e tendões descansem e se recuperem do esforço repetitivo, além de promover a circulação sanguínea. Recomenda-se que os trabalhadores façam pequenas pausas a cada 50 minutos de atividade contínua, levantando-se, caminhando um pouco e realizando alongamentos.

Os exercícios laborais, que podem ser feitos no próprio local de trabalho, visam alongar e fortalecer os músculos mais utilizados, além de melhorar a postura e a consciência corporal.

Treinamentos e conscientização dos colaboradores

A prevenção de LER/DORT não depende apenas de equipamentos e programas, mas também da conscientização e do engajamento dos trabalhadores. Treinamentos regulares sobre ergonomia, postura correta, técnicas de levantamento de peso e a importância das pausas são essenciais. Os colaboradores precisam entender os riscos associados às suas atividades e como podem adotar hábitos saudáveis para proteger sua saúde. 

A conscientização também envolve a criação de uma cultura organizacional que valorize a saúde e a segurança, incentivando os trabalhadores a reportarem qualquer desconforto ou sintoma precocemente. Quando os colaboradores se sentem parte do processo de prevenção, as chances de sucesso são muito maiores, resultando em um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo para todos.

Legislação e direitos trabalhistas

Normas regulamentadoras relacionadas

No Brasil, a Saúde e Segurança do Trabalho são regulamentadas por diversas Normas Regulamentadoras (NRs) do Ministério do Trabalho e Emprego. A NR-17, especificamente, trata da ergonomia, estabelecendo parâmetros que visam adaptar as condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar o máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. Ela aborda aspectos como mobiliário, equipamentos, condições ambientais de trabalho e a organização do trabalho. 

O cumprimento da NR-17 é fundamental para prevenir LER/DORT e garantir um ambiente de trabalho saudável. Além disso, outras NRs, como a NR-7 (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO) e a NR-9 (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA), também são importantes, pois estabelecem a obrigatoriedade de exames médicos periódicos e a identificação e controle de riscos ambientais que podem levar ao desenvolvimento de doenças ocupacionais.

Direitos do trabalhador acometido por LER/DORT

O trabalhador que desenvolve LER/DORT em decorrência de suas atividades laborais possui uma série de direitos assegurados pela legislação brasileira. Entre eles, destacam-se o direito ao afastamento do trabalho com recebimento de auxílio-doença acidentário (B91) pelo INSS, que garante a estabilidade no emprego por 12 meses após o retorno ao trabalho. Em casos de sequelas permanentes que reduzam a capacidade de trabalho, o trabalhador pode ter direito ao auxílio-acidente. 

Além disso, a empresa pode ser responsabilizada civilmente por danos morais e materiais, caso seja comprovada sua culpa ou dolo no desenvolvimento da doença. É fundamental que o trabalhador busque orientação jurídica e médica para garantir o acesso a todos os seus direitos e a devida reparação pelos danos sofridos.

Responsabilidades do empregador

Os empregadores têm responsabilidades claras na prevenção e gestão das LER/DORT. A legislação brasileira, por meio das NRs e da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), impõe a eles o dever de garantir um ambiente de trabalho seguro e saudável. Isso inclui a realização da AET, a implementação de medidas de controle dos riscos ergonômicos, o fornecimento de mobiliário e equipamentos adequados, a promoção de treinamentos e a conscientização dos trabalhadores. 

Em caso de desenvolvimento de LER/DORT, o empregador deve emitir a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), encaminhar o trabalhador para tratamento médico e, se necessário, promover sua reabilitação profissional. O não cumprimento dessas responsabilidades pode acarretar em multas, processos trabalhistas e indenizações, além de prejudicar a imagem e a produtividade da empresa.

Como a BR MED pode ajudar a sua empresa?

A BR MED se posiciona como uma parceira estratégica na gestão de Saúde Ocupacional, oferecendo soluções completas para auxiliar as empresas na prevenção e mitigação das LER/DORT. Através de uma abordagem integrada, a BR MED disponibiliza serviços como a Análise Ergonômica do Trabalho, que permite identificar e corrigir possíveis riscos ergonômicos nos postos de trabalho, assegurando um ambiente mais seguro e produtivo para os colaboradores.


Com o suporte da BR MED, as empresas podem não apenas cumprir a legislação trabalhista vigente, mas também promover o bem-estar de seus colaboradores, reduzir o número de afastamentos por doenças ocupacionais e, consequentemente, otimizar a produtividade e a sustentabilidade de seus negócios. Clique aqui e saiba mais.

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